sexta-feira, 24 de setembro de 2010

A VIA-CRÚCIS DE MISÉRIA IMPOSTA AOS MARANHENSES

Os maranhenses não podem esquecer e lançar à poeira do tempo os horrores perpetrados pelas oligarquias que, juntas, somam 65 anos. A insensatez e o egoísmo patrocinando tanta exploração à terra, aos seus fabulosos recursos naturais e à sua gente humilde, generosa e acolhedora. Como apagar as cicatrizes de tamanha violência, de tão torpe crueldade, compondo um triste cenário de sofrimento, lágrimas e desesperança?

O Maranhão clama por transformações, a partir dos indicadores socioeconômicos graves, de modo especial na educação, saúde, expectativa de vida, trabalho na cidade, mas, principalmente, no campo. Com as terras públicas negociadas sob critérios no mínimo suspeitos, foi imposta uma dolorosa via-crúcis de miséria a milhões de lavradores, abatendo-os impiedosamente.

Por mais chocante que seja, só o conhecimento sobre a realidade nua e crua permite o confronto com o egoísmo insano dos poderosos. A crise, em quase cinco décadas de exploração oligárquica, virou tragédia. O Estado disputa os últimos lugares no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do País. Exige rupturas com o modelo econômico excludente; reformulações radicais no plano ideológico e nas práticas políticas e administrativas.

Enquanto isso, estadistas de fato, com o destemor exaltando-lhes o temperamento guerreiro, permanecem de braços e coração abertos para acolher os perseguidos, os explorados, os injustiçados, manifestando solidariedade e afeto, a exemplo de Che, o guerrilheiro romântico: “Hay que endurecer sin perder la ternura jamás”.

A suprema inspiração dos autênticos e verdadeiramente líderes imortais emerge do maior de todos os libertadores: Jesus Cristo, que serviu de luz para São Francisco e Santa Clara, “paradigmas de uma nova humanidade terna e fraterna”, no dizer de Leonardo Boff, parceiro de Dom Helder Câmara, na formulação da teologia da libertação, avanço histórico da igreja católica e instrumento formidável dos povos oprimidos. Para Dom Helder, o pregador da liberdade e da justiça social que o Mundo aplaudiu, “de nada adiantará venerarmos belas imagens de Cristo se não identificarmos o Cristo na criatura humana a ser arrancada do subdesenvolvimento. No Nordeste, Cristo se chama Zé, Antônio, Severino”.

No mesmo sentido, era a conclamação de Charles Chaplin para que todos se associassem à luta pelo que hoje se denomina cidadania. “No décimo sétimo capítulo de São Lucas é escrito que o reino de Deus está dentro do homem – não de um só homem, ou de um só grupo de homens, mas dos homens todos! Está em vós. Vós, o povo, tendes o poder... O poder de Criar felicidade! Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela... de fazê-la uma aventura maravilhosa. Portanto, em nome da democracia – usemos desse poder, unamo-nos todos nós. Lutemos por um Mundo (o Maranhão) novo... um Mundo bom que a todos assegure o ensejo do trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança à velhice”.

Exige atenção especial a advertência do gênio do cinema: “É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder. Mas só mistificam. Não cumprem o que prometem. Jamais o cumprirão. Os ditadores liberam-se, porém escravizam o povo.”

Mas há que resistir. O Maranhão tem potencialidades exuberantes de importância fundamental para o próprio Estado, o Nordeste e o Brasil. Não pode continuar renunciando a uma determinação histórica. Como construir esse novo caminho “onde não há caminho. Já e agora? Em momentos cruciais, da prova maior, onde vamos inspirar-nos? De que fundo vamos tirar os materiais para a nova construção?”

É o próprio filósofo e teólogo Leonardo Boff que indica onde encontrar forças: “Devemos imbuir-nos da esperança de que o caos atual prenuncia uma nova ordem, mais rica e promissora de vida para todos”.

E recorre a Camões: “Depois de procelosa tempestade/ Soturna noite e cibilante vento/ Traz a manhã serena claridade/ Esperança de porto e salvamento”. Não precisamos dizer mais.

É preciso transformar, nestes tempos de eleição, voto e escolha, a nossa fé sonhadora em realidade concreta. Aquela em que não haverá mais espaço parta feudos insanos como instrumento de poder e fortuna, à custa do sofrimento, suor, sangue e lágrimas de seres humanos desprotegidos. E nem se produzirão novas vítimas indefesas de sistemas políticos e socioeconômicos colonialistas, cruéis e desumanos.


SISTEMA “PEGA-LADRÃO”

É como vi o presidenciável José Serra afirmar a respeito do escândalo na Presidência da República da quebra do sigilo de pessoas a ele ligadas, “O sujeito bate a carteira do outro e sai correndo na rua gritando ‘pega ladrão’”.É o que se vê hoje no horário político maranhense: a candidata situacionista agride, mente e difama as principais lideranças do Estado, aparecendo em seguida no seu horário alegando estar sendo vítima de agressões! É o sistema “pega-ladrão”.


CONTAGEM REGRESSIVA

O atual cenário político maranhense agradavelmente se assemelha a cada dia mais e mais ao mês de outubro de 2006 e da histórica vitória do povo sobre as oligarquias. Seria para alguns a segunda virada de mesa política em quatro anos; porém, para outros, apenas a confirmação de uma irreversível mudança na forma de pensar, agir e votar de um povo que se cansou da escravidão. E a cada 03 de outubro elege um Maranhão melhor.

ARES DE PRIMAVERA

Dia 23 de setembro marca o início da primavera no hemisfério Sul. Para nós, habituados ao calor extremo do equador doze meses por ano, isso pouco nos diz respeito. Entretanto, esta estação é o símbolo mundial de esperança e renovação; a beleza exuberante da natureza que renasce! Façamos destes o tempo e a estação que nos resgatarão do maior desalento pelo qual já passamos. A primavera que brilhará em nosso Estado, após 65 anos de sofrimento e miséria. Só depende de nós!

(*) Com trechos extraídos e adaptados do livro O POLVO.

Colaborou Fabiano Soares



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Um comentário:

  1. Estes textos sempre me fazem pensar e me dão a certeza de que a força da pena vai prevalecer sobre o peso da espada!!

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