segunda-feira, 13 de setembro de 2010

UM “TSUNAMI” DE ÁGUA FRIA NO MILAGRE DA ERA PT (*) (**)


Alguns dados incluídos no Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio), que está sendo realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgados a partir na quinta-feira, 8, através dos jornais e dos veículos de comunicação de massa (principalmente as emissoras de rádio e televisão) vem provocando reações diferenciadas.
Para os segmentos da sociedade geralmente melhor informados, não estão produzindo impactos. Não lhes representa novidade a notícia de que o Brasil está no rol dos países com péssima distribuição de renda em todo o Mundo.
Em relação aos milhões de “cidadãos” aos quais continuam sendo negadas as mínimas condições de vida digna, o fato novo é eles estarem se vendo na telinha da TV, notadamente da Globo. O seu cotidiano miserável, muito além das estatísticas frias, rompeu fronteiras por meio de reportagens mostradas para os cinco continentes.
Esta é a parte indesejada pelos incontidos apologistas do novo “milagre” que estaria sendo operado no Brasil, agora na era petista, desafiando a “nona economia” do Planeta.
Constata-se o imenso fosso entre os brasis distintos, contraditórios. Aquele portentoso a caminho do Primeiro Mundo, ostentado pela propaganda oficial (recentemente também na campanha eleitoral), com realizações fantásticas em todos os setores: avanços econômicos e sociais na mesma proporção das conquistas tecnológicas e científicas até pouco tempo inimagináveis; com muita gente rica e feliz e a realidade perversa estampada em um lado da moeda.
Na face até então deliberada, mas inutilmente omitida, destaca-se a tragédia social em que se resume a existência desumana de milhões de brasileiros órfãos do Estado, em sua maioria (sub) habitando regiões potencialmente ricas e exuberantes.
Uma imensa legião de pessoas subsiste às margens ou sobre as maiores reservas de água doce da Terra, mas não conta sequer com uma gota de água tratada. Esgotos a céu aberto fazem vítimas de doenças contraídas por contaminação hídrica diuturnamente, há décadas, ou séculos. Muitas vidas ceifadas; incontáveis e irreparáveis perdas que não constam com exatidão nas estatísticas.
São fatos reais documentados para a história com extraordinária repercussão. Um verdadeiro tsunami de água fria desabando sobre o ímpeto eufórico que tomou conta da cúpula palaciana, remetendo-nos a um passado de triste memória.

 O OUTRO MALFADADO MILAGRE (1)

“...Muita gente ainda se lembra e as novas gerações já dispõem de informações históricas confiáveis para checar. Delfim Neto servia à ditadura militar, nos idos de 1970, como ministro da Fazenda, quando anunciou o malfadado “milagre econômico”, que consistiria no crescimento das riquezas nacionais (o famoso bolo teria que aumentar) para depois ser dividido com a sociedade...

O OUTRO MALFADADO MILAGRE (2)

...Uma onda de anestesia coletiva pela conquista do tricampeonato mundial de futebol, no México, colaborou para que grande parcela de brasileiros assimilasse como verdadeiro o tal milagre. O conto-do-vigário foi desmascarado primeiro com a crise do petróleo a partir de 1973/74 e, de forma definitiva, pelas desastrosas consequências nos anos seguintes ao ciclo dos marechais e generais...

MAIS UMA DESASTROSA APELAÇÃO (1)

...Também todo-poderoso no comando das finanças públicas no Governo Fernando Henrique, Pedro Malan, por sua vez, evitou expressões que associassem o sentido miraculoso ao neoliberalismo, mas defendia ortodoxamente a idéia de que a centralização de recursos pela União asseguraria que fossem cumpridos rigorosamente os mandamentos do FMI, sobretudo quanto ao pagamento dos serviços da dívida. Com a sobra se promoveria a redistribuição entre estados e municípios e, sendo possível, far-se-ia algum investimento. Fossem às favas os setores produtivos e os dramas sociais. A tragédia delfiniana aproveitava o mesmo cenário, acrescentava alguns atos e mudava os atores...

MAIS UMA DESASTROSA APELAÇÃO (2)

...Ao mesmo tempo em que deu maior autonomia financeira, a Constituição de 1988 repassou a estados e municípios maiores atribuições, sobretudo nas áreas sociais, especialmente na Saúde e Educação. Como a União centraliza os recursos e os distribui a conta-gotas, desenhou-se um quadro perverso: Brasília fica com o maior volume de dinheiro e os entes federativos têm que enfrentar grandes demandas sociais com o mínimo que arrecadam. Quando uma administração é perdulária, sobra para quem a suceder um presente de grego. Quem paga a conta em última instância? É obvio: o sofrido povo brasileiro...”

(*) Com tópicos reproduzidos do livro A OLIGARQUIA DA SERPENTE.

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