sábado, 30 de outubro de 2010

O SUSPIRO DA OLIGARQUIA E A CAMINHADA HISTÓRICA DA LIBERTAÇÃO (*)

O resultado recente das urnas no Maranhão, sobretudo após o golpe judicial que impôs o comando do Estado à governadora biônica Roseana Sarney Murad requer uma análise mais aprofundada, desprovida de utopias e vanglórias, sentimentos antagônicos mais afinados, respectivamente, com idealistas e oportunistas.
Prevaleceu, de fato e até aqui de “direito” a influência dos usurpadores e sanguessugas do poder, useiros e vezeiros em práticas despudoradas, entre elas fraudes eleitorais sustentadas nos abusos políticos e econômicos, geralmente impunes.
Tripudiou-se mais uma vez sobre a vontade dos homens e das mulheres livres da nossa terra histórica e cruelmente explorada, não obstante breves hiatos de lucidez e compromissos com os destinos do Maranhão a cargo de mandatários legítimos.
  Daí explicar-se tão pequena celebração pela “vitória” desenxabida, sem calor humano, sem cheiro de povo. Quanta diferença do que foi visto, sentido, vivenciado coletivamente em outubro de 2006, na praça Maria Aragão, em todas as ruas e vielas de São Luís e dos mais diversos rincões do Estado!
Quem marcou aquelas festas? Certamente não foi a organização do Marafolia. Quem divulgou aquelas magníficas explosões de felicidade? Sem a menor dúvida, não foi o Sistema Mirante!
Quem viu alguma manifestação popular espontânea neste outubro de 2010? Talvez tenham ocorrido comemorações íntimas entre os membros da corte. No Calhau ou em Curupu, deve ter jorrado champagne, whisky, vinhos importados e coisa e tal e tal e coisa...,  com direito até a uma palhinha da querida “Marrom”  (Alcione).
Não se ouviram sinais de euforia entre os moradores do João Paulo, da Vila Itamar, do Anjo da Guarda, ali perto do Porto do Itaqui, na Capital Maranhense, por exemplo. Ninguém soltou foguetes na Beira-Rio, em Imperatriz etc.
Esta discrepância entre a repercussão da “conquista” do clã ensimesmado, salpicada de denúncias de derrame de dinheiro e indícios de ilegalidades em várias facetas e a apoteótica vitória popular com Jackson Lago serve muito bem de base no contexto dessa reflexão.
Sabe-se através de gerações que oligarquias, ditaduras ou quaisquer outros regimes autocráticos não sobrevivem aos verdadeiros e inexoráveis crivos do tempo e da história. É quando a verdade vem à tona, nua e crua.
A avaliação do tempo principalmente porque, de forma invariável, a praga do continuísmo espúrio inibe o menor estímulo à valorização do ser humano e muito menos ao desenvolvimento socioeconômico, tecnológico e científico sustentável e permanente.
A avaliação da história porque esta, sim, é implacável para com os déspotas e jamais confirma a versão dos “vitoriosos”, como se julgam os “eternos” senhores feudais. Novamente fala mais alto a ética, a dignidade, o senso de responsabilidade, o interesses público, a devoção ao bem-comum. Impõe-se a versão dos que primam pela honestidade, dos que cultivam a verdade e princípios nobres pautam seus ideais, suas ações e balizam seus valores. E, com toda certeza, oligarquias e ditaduras não se encaixam nestes parâmetros. Não podem, portanto, resistir à determinação histórica.
A certeza da derrota inevitavelmente causada pelo passar do tempo aterroriza os tiranos. E a fatídica exposição dos desmandos e crimes cometidos que a análise histórica conduz curva a frágil espinha das canhestras camarilhas que saqueiam o patrimônio coletivo e violentam a natureza e o meio ambiente.
É o suficiente para que elas baixem a crista e as suas vitórias ilegítimas se tornem libelos acusatórios. Consume-se o último brigadeiro do final de uma festa de décadas. Último doce sobre a mesa, mas este com sabor amargo de quem tem a casa para arrumar após a farra, a ressaca moral para curtir depois da orgia de poder...
Embriaguez e ressaca do dinheiro público, esbaldados no alheio celebram sem graça a última dança ao final do baile que deram para si. Tempo e História impiedosos com os tiranos. Celebração triste, vitória sem festa. Conquista sem brilho.
Por outro lado, os supostamente derrotados, nas suas trincheiras continuam a sua boa luta.
As oposições, mais do que nunca devem se unir. No caso recente, as vis e injustas acusações infringidas a Jackson Lago e Flavio Dino não passaram despercebidas.
José Reinaldo, Roberto Rocha, Edson Vidigal, Othelino Neto e outros homens de caráter e vocacionados para os ideais republicanos não estão em casa contabilizando suas possíveis perdas. Pelo contrário. A rota antes parecida, haverá de se tornar comum, reconhecendo-se suas semelhanças nos ideais em defesa da liberdade, do desenvolvimento sustentável e da justiça social. Nos compromissos elevados com o Maranhão e as suas gerações futuras. Vida com qualidade para todos (nunca mais para uns poucos) deve continuar sendo a palavra de ordem.
A esperança de um esfacelamento e da colisão dos libertadores, uns contra os outros, deverá ser inútil. Os novos líderes balaios têm muita coisa em comum. Muito desejo político de servir à sua terra. Estão mais maduros.
Manter as consciências críticas e os núcleos de base atuantes, incólumes diante do germe do mal, conquistando novos parceiros, tantos quantos forem possíveis é uma questão de honra. Unir, agregar valores! Somar esforços. Cerrar fileiras, batalhar juntos, é o caminho mais seguro a trilhar.
Não há por que se contrapor à união de eventuais adversários nos meios. Dificultar que eventuais divergências se dissipem e os bem intencionados se deem as mãos em favor de um Maranhão grandioso.
Partidos de esquerda ou não, desde que sejam constituídos por homens e mulheres honrados podem estar nas mesmas fileiras já em 2012, nos 400 anos de nossa São Luís amada. Muito mais pólos de lutas democráticas e populares devem ser estimulados. Vermelhos ou não, mas determinados em construir, solidariamente, a terra dos nossos sonhos, onde a felicidade seja partilhada entre todos os maranhenses.

LIÇÃO ARGENTINA I
Juan Domingo Perón: a maior influência política argentina do século passado teve tal domínio sobre os sistemas e a organização política de seu País que deixou como sucessora na presidência sua simpaticíssima esposa Eva Perón. Mas, como aprendeu Eva e como a oligarquia maranhense deveria saber, simpatia e maquiagem não garantem a manutenção do poder. A alternância não tardará de novo no Estado. Há de chegar a galope em 2014.

LIÇÃO ARGENTINA II
Já nos funerais de seu marido Néstor Kichner, a Presidente portenha Cristina Kirchner enfrentava sofrível avaliação popular. Fortes articulações políticas desfavoráveis. Franca perda de espaço de poder. Ainda assim, equivocadamente, proibiu a entrada de adversários políticos para um último adeus a Néstor. Respeitando o luto, dor só conhecida pelos que a sentiram na alma, fica o exemplo histórico.
Os potentados estaduais não têm, além do seu guru, um nome sequer que aglutine. Enquanto isso, se as oposições somarem esforços, de modo amadurecido e consciente de suas responsabilidades públicas, estarão suficientemente fortalecidas para dar um basta na tragédia maranhense dos dias atuais.

(*) Colaborou Fabiano Soares.

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